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Oportunidade de trabalho é a chance para moradores deixarem as ruas de Valadares

Oportunidade de trabalho é a chance para moradores deixarem as ruas de Valadares

Em Governador Valadares, a estimativa é de que existam aproximadamente 400 moradores em situação de rua, incluindo migrantes que passam pela cidade. Desses, mais de 250 já passaram por atendimento da assistência social no município, foram incluídos no Cadastro Único do governo federal e estão habilitados a acessar programas como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.Entre os motivos que levam pessoas a usarem as ruas como meio de sobrevivência ou moradia estão a pobreza extrema, o desemprego, a violência familiar e o abuso de álcool e drogas.

Para a gerente de proteção especial de média complexidade do Centro de Referência Especializado de Assistência Social em População de Rua (Centro Pop), Ana Maria Eler Mariano, muitas dessas pessoas podem se recuperar e voltar a ter uma moradia. Ela espera que a sociedade se sensibilize e abra oportunidades para a população de rua: “Às vezes, eles [moradores de rua] estão preparados para se inserir no mercado de trabalho, e o jeito que a sociedade tem para ajudar essa população é dando oportunidades de trabalho. A gente busca parceria com o empresariado”.

Força conjunta

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Governador Valadares (CDL-GV), Rogers de Marco, a solução do problema dos moradores de rua – que ele classifica como crônico – passa pela atuação conjunta de poderes públicos e sociedade civil.“A realidade de moradores em situação de rua é um problema crônico em nossa cidade. Muitas vezes, vemos medidas paliativas sendo executadas até mesmo pela própria sociedade, que, apesar de amenizar parte da dor social, não resolve o problema. Acredito que, para ter uma solução, será preciso que todos os poderes caminhem juntos em um mesmo propósito, e aqui englobo Legislativo, Executivo, Judiciário, Ministério Público, entidades e até mesmo o olhar analítico da população”, disse Rogers.

O Sindicato do Comércio Governador Valadares (Sindicomércio) entende que a questão envolvendo os moradores em situação de rua é bem delicada. “Sabemos que grande parte dessas pessoas não é de Governador Valadares. Para mudar essa realidade, devemos unir forças entre o Município, por meio das secretarias, e a sociedade civil organizada, para juntos buscarmos a melhor solução”, afirma a instituição, por meio de nota.

Rede de assistência

A rede de assistência social do município oferece algumas frentes de proteção aos moradores de rua. No Centro Pop, que fica na rua Belo Horizonte, número 816, das 7 às 17 horas, a acolhida aos usuários inclui a possibilidade de atendimento a necessidades imediatas, como refeição, higiene pessoal e guarda de pertences. A partir das 17 horas existem 50 vagas no Abrigo Noturno, na rua Joaquim Ribeiro Nascimento, número 95, no bairro São Cristóvão. Os que não procuram atendimento no Centro Pop ou no Abrigo são acompanhados nas ruas, por equipes de abordagem da assistência social.

No Centro Pop ainda acontecem oficinas e atividades que incentivam, entre outros temas, o resgate da autoestima e o preparo para a reinserção e permanência no mercado de trabalho – em 2018, dez atendidos pelo Centro Pop conseguiram vagas de empregos. “Essas dez pessoas tiveram uma mudança de vida”, comentou Ana Maria. Os que conseguem deixar as ruas ainda recebem apoio até que consigam se restabelecer: “Nós fazemos acompanhamento, no mínimo, por seis meses. Porque às vezes a pessoa conseguiu uma ajuda, mas, por ter ficado muito tempo nas ruas, ela não consegue se adaptar à rotina e à disciplina de horários, contas e responsabilidades. Nossa equipe monitora essas pessoas, ao menos uma vez por mês, e dá um suporte”.

Migrantes

Para moradores de rua que não são de Valadares e querem voltar ao município de origem, a assistência social ainda oferece um serviço de apoio ao migrante, que funciona na rua Pedro Lessa, número 286, no bairro de Lourdes. “Valadares é uma cidade acolhedora. As igrejas e a população acolhem, dão comida e dão roupas. Tem muitos grupos organizados que levam comida. Tudo isso favorece a permanência das pessoas na cidade”, avaliou.

GV Invisível

Entre as entidades que prestam apoio aos moradores de rua está a GV Invisível, que mensalmente vai às ruas para levar doações – de comida e de materiais de higiene – e conversar com quem utiliza locais públicos como espaço de sobrevivência. “A gente aproveita para conversar com eles. Esse é o diferencial do GV Invisível. A gente pergunta sobre a história de vida e tira fotos, tudo com autorização”, explica o coordenador, Vinícius A. Miranda.

O trabalho do grupo é voluntário, e já ajudou algumas pessoas a saírem das ruas, localizando familiares ou auxiliando migrantes na volta para a cidade de origem. “É um grupo aberto. A gente deixa para quem quiser participar. Tem ações em que vão mais pessoas; tem ações em que vão menos. São pessoas que sabem do nosso trabalho pelas redes sociais e querem participar”, afirmou. Neste sábado (23), o grupo participa do dia contra a pobreza, com ações no centro de Valadares.

Uma das pessoas que doam tempo para ajudar moradores de rua na cidade é Rubens Drumond. Para ele, o apoio a essas pessoas é um ato de amor ao próximo: “Muitos gostam de julgar, de achar que todos estão lá porque querem, embaixo de uma marquise ou na porta de uma loja fechada. Gosto muito de ajudar as pessoas; devemos amar mais e julgar menos. Precisamos estender mais as mãos para ajudar, ao invés de abaixar para pegar pedra e jogar”.

No ano passado, Rubens fez uma ceia de natal para moradores de rua, e neste ano quer fazer outra. “Foi uma experiência única, levei apenas o alimento para o corpo e saí de lá agradecido”, relata. Rubens conta que ficou comovido com a gratidão das pessoas que participaram da ceia: “Isso me marcou muito e me deu forças para lutar pelas pessoas em situação de rua”.

Fonte: Diário do Rio Doce

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